10 meses no Nepal


Já se passaram mais de dez meses desde que cheguei ao Nepal, e aqui estou compartilhando mais um mês de grandes experiências. Cada mês traz novas descobertas, com suas alegrias e dores.

Viver longe da família, cultura, amigos, e tantas outras coisas nos deixa com muita saudade e só tendo muita determinação e amor no que se está fazendo podemos seguir em frente. Isso tudo eu estou tendo, graças a Deus!

Não dá para calcular nesse curto período o quanto pude receber de informações e ensinamentos que, com certeza, já mudaram a minha vida por completo. Verdade que saí do Brasil sem nenhuma expectativa do que poderia acontecer aqui. Até pensei que depois de uns três meses poderia me dar a doida e querer voltar pra casa, mas como? É praticamente impossível depois que se mergulha neste mundo, no trabalho... É único o amor das pessoas que vivem aqui. Eu confesso: "Estou feliz, e muito."

Em nossos e-mails falamos das dificuldades, pois elas existem, são reais, mas nada supera a satisfação de poder servir as Meninas dos Olhos de Deus.

Ver que a cada semana novas meninas estão sendo alcançadas, trazidas de diversos lugares para receber amor, cuidado, educação, entre muitas outras coisas.
Participar da recuperação fantástica da Suzana e do Ashish que passaram por delicadas cirurgias. Suzana por uma cirurgia no ouvido e o Ashish no braço.

Torcer vendo Promila, Eliza e Prisca estudando e fazendo um difícil “vestibular” daqui chamado SLC e, passadas as provas, esperar pelos resultados que só sairão daqui a dois meses.
Ver o investimento de mais de 5.000 dólares nas escolas das meninas que iniciaram o ano letivo delas no início do mês de Abril.

No processo de mudança do meu visto de turista para estudante já estive com o consul do Brazil por duas vezes, o qual me deu a carta de não objeção para ter meu novo visto.

Farei um curso de fotografia. Tendo aula uma vez por semana. Com isso estarei fazendo quatro cursos paralelamente: Nepale(3vezes por semana), Fotografia(1 vez por semana) e dois de Inglês (3vezes por semana). Não adianta, temos mesmo que investir tempo para nos adaptar e melhorar nossa comunicação com o povo nepale.

Passei dias de ansiedade para saber quem governaria o Nepal, quando pela primeira vez se realizaram as eleições, com o susto de saber que os Comunistas Maoistas vieram a vencer. E a alegria de ver que o povo está em paz. Os incidentes que houveram, foram mínimos perto do que poderia ter acontecido. Deus é por nós!!

Também o enorme presente que foi ver o Silvio e a Rose na assinatura do contrato com o Governo do Camboja, contrato esse que hoje nos dá toda legalidade para acolhermos nossas meninas cambojanas. Tem sido muito emocionante todo esse processo do trabalho no Camboja e você tem recebido outros e-mails com detalhes.

Mas hoje, depois de refletir sobre tudo que estou vivendo, eu preciso escrever algo e sei que para essas pessoas que vou falar agora, isso nem seria necessario, mas eu preciso. Nunca teria chegado até aqui se não fossem por elas: meu pai, Políbio, que abriu a porta do seu coração para realizar meu sonho, sempre protetor, amigo, e eu sei que para ele ainda é difícil eu estar longe, mesmo assim, ele me apoia e me dá total cobertura, minha mãe Luci, que no seu enorme coração, me ensinou e me ensina até hoje o cuidado e carinho de ser mãe, minha outra mãezinha Graça, que me ensinou o preço da renúncia e o valor que tem o perdão.

Meu líder, José Rodrigues, que hà sete anos me acompanha. O mestre que me tirou da teoria e me fez ser formada na prática uma pessoa melhor. Assim como todos os líderes, obreiros e alunos com os quais conviví na MCM.

Agora, tenho que agradecer mesmo ao Silvio, Rose, Lucas e Sheyla, de quem dia-a-dia aqui no Nepal, convivendo e sendo ministrada por suas vidas, vejo exemplo de renúncia a tantas coisas por causa do serviço à meninas que jamais pensaram em ter uma oportunidade de serem felizes. Estão dando suas vidas pelo resgate dessas meninas Nepalesas e Cambojanas. Eles passam por inúmeros e diferentes tipos de situações e em todo esse tempo, nunca, jamais percebi um sinal de desejo de abandono dessa obra. Pelo contrário, cada vez mais decididos no trabalho que tem de ser feito. Eu me orgulho muito de poder estar servindo esses dois casais.

Claro que não poderia deixar de agradecer as diversas pessoas que tem nos apoiado. Deixo meu agradecimento de todo coração aos meus irmãos, familiares e amigos.

Um abraço
Marcinha

Eu com um pedacinho da minha família Nepalese Home

Noivado da Márcia e Junior





Eu de Sari, roupa típica nepale.
Usar um sari numa cerimonia, significa estar honrando o casal, evento ou festa.